No mundo da reparação automotiva, o martelinho de ouro — conhecido como Paintless Dent Repair (PDR), em inglês — tem emergido como uma alternativa sustentável e eficiente em comparação com os métodos tradicionais. Além de economizar tempo e dinheiro, a técnica contribui significativamente para a redução de emissões de CO₂ e do desperdício de materiais, alinhando-se aos valores ambientais que norteiam as indústrias modernas.
De acordo com a Associação Automobilística Americana (AAA), cerca de 80% dos pequenos danos em carros podem ser reparados com o martelinho de ouro. Essa técnica artesanal, reconhecida por remover amassados sem necessidade de repintura ou descarte de peças, pode reduzir em até 88% o impacto ambiental gerado pela substituição de uma peça danificada, como uma porta, que pode emitir até 200 kg de CO₂ equivalente por unidade.
Além de ser mais acessível — custando até 60% menos do que os métodos tradicionais —, o martelinho de ouro evita a liberação de compostos orgânicos voláteis (VOCs), que contribuem para a poluição atmosférica e podem causar problemas de saúde. Ele também prolonga a vida útil dos veículos, preservando sua originalidade e valorizando-os para revenda.
A evolução e o impacto global do PDR
Embora muitos afirmem que o PDR tenha origem alemã, foi no Brasil que a técnica ganhou características únicas e se popularizou. Segundo a revista Quatro Rodas, Pedro Souza Santana foi pioneiro ao desenvolver o método na fábrica da Volkswagen em São Bernardo do Campo (SP) há cerca de 40 anos.
“Enquanto outros países investiram em maquinário pesado para reparos de funilaria, os brasileiros apostaram na precisão manual do martelinho de ouro”, comenta Douglas Gattelli, especialista com mais de uma década de experiência.
Proprietário da oficina Gattelli Martelinho de Ouro, em Caxias do Sul (RS), Douglas é um exemplo de como o martelinho brasileiro conquistou reconhecimento internacional. Ele atende clientes de alto padrão em países como Alemanha, Áustria, França e Suíça, especialmente durante a temporada de granizo, quando a demanda por reparos rápidos e especializados dispara. “Na Europa, valorizam muito o trabalho artesanal e o impacto ambiental reduzido. Esse mercado é extremamente exigente, mas compensa”, afirma Douglas.
De acordo com especialistas, os Estados Unidos também enfrentam escassez de mão de obra especializada, principalmente em estados mais afetados por chuvas de granizo, como Texas, Oklahoma, Kansas e Minnesota.
O mercado global de serviços automotivos, que inclui o martelinho de ouro, deve crescer em cerca de 351,69 bilhões de dólares entre 2023 e 2027, sendo a América do Norte responsável por 31% dessa expansão, de acordo com a consultoria Technavio.
Combinando economia, eficiência e sustentabilidade, o martelinho de ouro continua a conquistar mercados globais enquanto redefine os padrões de reparação automotiva, provando que inovação e responsabilidade ambiental podem andar lado a lado.